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Continuação do texto
Por muito tempo os homens olharam para as estrelas num fundo de azul profundo. Observaram como elas se agrupavam e tentaram compreender aqueles sinais longínquos e familiares. Os deuses lhes oferecia um enigma para decifrar. Quem sabe o seu destino não estava inscrito ali, naquele céu límpido? Nas grutas, sobre argila macia, os homens inscreviam imagens.Já que os deuses se comunicavam assim, era bem possível responder a eles. Dialogar com aquele desconhecido sempre presente, sempre oculto...
Os homens também conversavam entre si. Diziam-se palavras que falavam da caça, do fogo, dos bicho... Falavam-se uns aos outros, mas jamais teriam ousado falar aos deuses,esses seres poderosos e distante, que a voz nunca poderia alcançar.
Até que, um dia, imagem e fala se juntaram para formar a escrita. Com certeza, a sequência dos fatos foi a mesma na Mesopotâmia,no Egito e na China. Um homem escolhe uma superfície, como os deuses escolheram o céu para colar as estrelas. Inscreve ali imagem: não tenta imitar objetos reais, mas os representa como os imagina. Escolhe com cuidado a posição em que coloca cada sinal em seu suporte - parede de caverna, pedaço de argila ou de papiro. Conforme a distribuição desses sinais em seu suporte, eles são compreendidos de modo diferente.
Já o alfabeto que você conhece funciona de um jeito bem diferente. As letras são uma análise lógica das palavras que você pronuncia. Associadas em sílabas, elas são um vestígio das palavras. Primeiro, dá-se nome aos objetos e as idéias; depois, essa palavra era inscrita na matéria. Os deuses não têm mais nada a ver com isso, e o sentido permanece o mesmo.
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